Principalmente devido à pandemia, muitos estão se questionando sobre sentir-se confortável no interior dos ambientes, onde estão passando a maior parte do tempo (nas residências, ou mesmo em um ambiente menor, como o próprio quarto). Mas então vamos lá, o que seria sentir-se confortável? E como podemos ter esse maior conforto nos nossos espaços?
O sentimento de bem-estar ocorre em um ambiente onde as condições térmicas, acústicas, lumínicas, ergonômicas, de salubridade e até mesmo olfativas sejam propícias e adequadas para isso. Ou seja, quando todos os fatores ambientais trabalham em conjunto e de forma harmônica, temos então a condição de Conforto Ambiental (Figura 1). É importante ressaltar que esse sentimento pode ser diferente, de pessoa para pessoa e pode ser observado tanto em ambientes internos (Conforto Ambiental nas Edificações) como externos (Conforto Ambiental Urbano).
Figura 1: Croqui de Le Corbusier
Fonte: STEIN, G. (2012)
No contexto das edificações, quando aplicamos os fundamentos do Conforto Ambiental temos como resultado a melhoria do edifício, que resulta em menor gasto de energia e economia financeira.
Como o estudo desses parâmetros é uma tarefa complexa, geralmente é segmentada e feita por especialistas de cada uma das respectivas áreas. O Conforto Ergonômico envolve a adequação de mobiliário e equipamentos, no sentido das medidas para determinada atividade (será que sua cadeira de home-office está adequada?). Por outro lado, o Conforto Acústico é obtido quando temos uma qualidade sonora adequada e vibrações sonoras controladas, evitando ruídos no ambiente. Iremos destacar, o Conforto Térmico e Lumínico e seus conceitos transformados em estratégias aplicadas no edifício:
- Conforto Térmico:
Ele ocorre quando existe um equilíbrio entre as trocas de calor entre o nosso corpo e o meio. Além disso, a temperatura e umidade no ambiente precisam estar em limites adequados (limites estes estabelecidos por normativas). Muitas são as formas de se avaliar o Conforto Térmico, que incluem até mesmo considerar a atividade e vestimenta das pessoas naquele determinado local. Precisamos observar desde as variáveis externas, como o clima, onde se encontra determinado edifício, assim como também as atividades das pessoas que convivem neste ambiente, para elaborar estratégias para esta edificação. Um elemento que consegue contribuir com esse conforto é a envoltória/fachada do prédio, proporcionando uma proteção das condições extremas de temperatura e umidade. Na fachada, os materiais escolhidos influenciam muito nesse conforto, assim como a relação de quantidade e dimensões das janelas. As janelas e seus elementos externos permitem o controle do uso da ventilação natural e insolação, sendo importante ponderar esses elementos, para termos maior aproveitamento do sol em períodos frios, e maior uso da ventilação em períodos mais quentes do ano (Figura 2).
Figura 2: Fachada/Elevação com aberturas e seus elementos do Residencial Corruíras – BOLDARINI ARQ. E URB | SÃO PAULO
Fonte: Arquivos de Daniel Ducci e Fábio Knoll
- Conforto Lumínico:
Quando há um conjunto de condições lumínicas adequadas temos o chamado Conforto Lumínico. Assim, nos sentimos confortáveis quando podemos desenvolver atividades visuais com a precisão necessária, sem esforços ou riscos de acidentes. Para que isso ocorra, temos que proporcionar uma iluminação de qualidade e em quantidade suficiente. Nesse sentido, a luz natural, proveniente do sol, fornece uma iluminação com altos índices de iluminância, além de ser benéfica para nosso ciclo biológico. E quando utilizamos ela de forma eficiente, com janelas adequadas e outros tipos de elementos arquitetônicos, conseguimos economizar com a luz artificial (Figura 3).
Figura 3: Iluminação natural entrando no ambiente no projeto da Casa Cobogó – MK27 | SÃO PAULO – SP
Fonte: Arquivos de Nelson Kon
Com o aprendizado desse conhecimento em conforto, é possível transformarmos os conceitos em soluções, para que as pessoas tenham uma melhor qualidade de vida, e principalmente um maior conforto ambiental!